Pois bem, as férias dos miúdos são bem compridas, tomaram os adultos terem metade... Dois meses de férias... era o paraíso! É mesmo isso, eles têm férias grandes, férias no Natal, férias no Carnaval e férias na Páscoa. Para famílias como a nossa, sem apoio familiar para dar suporte, temos que fazer as nossas opções como já referi num dos post's atrás.
E a nossa escolha passou por eu, a mãe, abdicar da vida profissional fora de casa, (são quase sempre as mães, exceto na Bluey que é o pai que fica com as cadelinhas em casa! (já agora outro parênteses, ADORAMOS A BLUEY!!!)) para apenas se dedicar às finanças e contabilidade em part-time na empresa do pai e em mais duas empresas de membros da família, a partir do escritório de casa.
Pois é, nem sempre o que imaginamos se torna realidade e a pessoa que mais imaginava que seria o nosso, ou melhor, o meu apoio, foi a que mais se afastou. A pessoa que se mostrava ser tão defensora de ideais de igualdade entre homem e mulher, ou marido e mulher, tão feminista, progressista, tão sofrida com o seu passado, em quem acreditei haver uma aliada, foi a que me deu as costas. Não passava de uma falácia, e hoje sei disso! Ajuda familiar é muito mais que exibir netos no trajeto para o colégio, no cabeleireiro ou no massagista, mas cada um dá o que tem para dar.
Tivemos a vida amarga e dura durante uns tempos, com dois filhos pequenos e com idades tão próximas, mas estamos aqui: mãe e pai presentes!
Mais cansados ou menos cansados, com mais zanga ou menos zanga, zangas muitas delas fruto do cansaço da lida diária, construindo a nossa família, não querendo repetir os erros dos outros, que fui observando ou que senti na pele, quebrando ciclos, ou repetindo aquilo que faz sentido enquanto família.
No fundo esses tempos difíceis levaram-me mudar a minha vida, a nossa vida. Não sou a executiva, financeira contabilista a tempo inteiro que sonhei, a ganhar um ordenado acima de decente. Decidi fazer uma pausa que seria até o Martim completar o Primeiro ciclo (agora é até o Dinis completar o Primeiro ciclo 😊😊). Hoje posso dizer que passei o mês de agosto inteirinho com os meus filhotes e que ADORO O VERÃO!!!
Adoro as férias de carnaval, Páscoa e Natal...um privilégio estar com as "minhas crias", como me costumo referir a eles, ao alcance de poucos. Eu tiro dois meses do meu tempo para o dedicar a eles.
Agora sobre os nossos filmes que aproveitámos para ver no Verão, vou falar hoje sobre um filme de 2015 que ainda não tinha visto, mas que como agora saiu o segundo filme, decidimos ver em família - o Divertida Mente, "para apanhar o fio à meada."
Este filme é uma viagem pelo mundo das emoções onde alegria e tristeza têm o papel principal.
Quando terminei o post sobre o filme Barbie, falava-vos de um período, ainda que muito curto, da minha vida em que tudo estava bem encaminhado, e achava que estava a atingir os meus ideais. A alegria estava a dominar a "consola da minha mente".
Só que a vida é feita de mudanças e transformações e não podemos ter nada como garantido.
Então, em 2002 tenho um acidente de viação, em que eu era a condutora. Viajava comigo uma pessoa adulta e um bébé (a minha irmã e o meu sobrinho) voltávamos do Hospital onde os tinha ido levar para o bébé fazer uns exames médicos. Tinha chovido muito nessa noite e manhã de 13 de maio. Ao passarmos a estrada N101 de regresso a casa, esta estava bastante molhada e entrei em despiste para o meio da via. Fomos embater contra outra viatura que nos avistou, mas pensou que estávamos a inverter marcha, e por isso nem travou. Essa viatura, onde viajava um casal de sexagenários, chocou connosco em cheio do lado direito. Toda a gente teve várias lesões, exceto eu, a única que viajava com cinto/ dispositivo de segurança.
E a tristeza tomou conta da "consola da minha mente" durante uns anos, a partir dessa dia, dessa hora.
"Porquê que eu disse que os podia levar ao Hospital? Porque é que só eu é que não tenho nada?" só pensava nisto e queria um buraco grande, do meu tamanho, onde me enfiar.
Foi tudo muito doloroso de ver, os internamentos, os procedimentos cirúrgicos a que tiveram que ser submetidos, a recuperação, acompanhar com o coração nas mãos o crescimento desta criança que no dia do acidente apenas tinha 15 dias.
Foi um caminho que se foi caminhando, volta e meia a fúria ou raiva apoderavam-se de mim, mas de facto foram anos a arrastar a cara no chão, tal o tamanho da tristeza. Houve uma pessoa que podia ter escolhido caminhar pelo caminho mais fácil e que seria honestamente longe de mim, mas manteve sempre do meu lado, o Ricardo.
Percebi que sem a tristeza não conseguimos perceber a verdadeira essência da alegria. A tristeza ajuda-nos a moldar quem somos e, consequentemente, a determinar como reagimos às diversas situações que enfrentamos. E acho que este acontecimento foi dos principais modeladores para eu ser como sou hoje. Se era medrosa, o medo passou a comandar menos, se me encutinhava e ficava para trás em situações difíceis, passei a estar à vista e na frente, se era nojentinha passei a ser menos... a empatia ganhou um lugar de grande destaque, embora com tudo isto tivesse que perder a alegria por uns tempos.
Mas como no filme esquecer é necessário. O processo de esquecimento é natural e é preciso para
que possamos compreender a passagem do tempo e para que sejamos capazes de
alcançar mais rapidamente as memórias que se mantêm relevantes.
Ver o "Divertida Mente " é confrontar as nossas próprias emoções. É tomar consciência delas e permite-nos imaginar o que acontece na nossa cabeça.
Não se pode ser feliz o tempo todo e nem ter apenas
memórias-base felizes construindo o seu eu. É aí que as duas emoções começam a
trabalhar juntas, afinal, todos nos lembramos de momentos felizes do passado com um pouquinho de saudade e melancolia. Nada na
vida é para sempre e tudo está em constante transformação. Há acontecimentos marcantes pela positiva e pela negativa, há pessoas que entram e pessoas que saem das nossas vidas, às vezes perdas "irreparáveis"... Essa mistura é saudável, pois ensina-nos a recordar com
felicidade e a compreender que mudanças são necessárias.
Existe neste filme uma crítica profunda na relação entre a Alegria e a
Tristeza, fundamentalmente, essa crítica está relacionada com a premissa imposta
pela sociedade de que temos de ser felizes o tempo todo. Atualmente, as redes sociais são uma feira de vaidades onde só se partilha o lado
bonito de nossas vidas e este é um fenómeno a combater.
I am Celine Dion.
No seu documentário, a cantora não partilhou só o bonito. Cansada de mentir e arranjar desculpas pelo facto de ter que desmarcar concertos, desmarcações motivadas pela doença, mostra toda a sua fragilidade enquanto ser humano neste documentário.
Não o tendo achado um filme profundo, é comovente e inspirador e transmite a importância da verdade. A verdade traz sempre benefícios e a empatia dos outros. E com o amor dos outros podemos nós bem!!! (Gosto desta frase).
Deixo agora a semana passada em fotos, mostrando que no Verão também se aproveita para fazer aqueles trabalhos domésticos mais demorados e pesados, não é só lazer!!! Nem conseguimos ver os filmes que tínhamos planeado, cansadinhos que andamos.
Com ajuda de todos nada custa (ou pelo menos tudo é mais leve).

Ricardo a continuar a cortar a sebe, com a ajuda dos meninos que apanharam folhas (não quiseram tirar foto) e do seu pai.
A catarse da Dani vai continuar a viagem pelas memórias boas e más, destapando sempre um bocadinho da nossa atualidade semanal de família imperfeita.
Até para a semana.
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