Escapadinha a dois e mais um regresso às aulas
E aqui estou eu, a publicar novamente à quarta-feira.
A semana que passou parece que foi meia semana, passou a correr! As férias estão a chegar ao fim. Os meninos apenas começaram as aulas a 10/09 (ontem), e foi preciso preparar tudo para o regresso ao colégio. Foi um frenesim, mas ainda tivermos tempo de trazer o amiguinho do Martim para uma matiné de jogos eletrónicos (estava prometido, e o que prometo é para cumprir).
Mas antes disso, dia 2/09 fizemos 18 anos de casados e decidimos assinalar a data. Já que o nosso casamento chegou à idade adulta, e posso dizer que passou por muitas provações até aqui, aproveitamos para fazer algo diferente e sair a dois!! Há quanto tempo não acontecia!
Os pimpes (como o Tio Lita os chama, derivado do nome príncipe) ficaram em casa do Tio Miguel, dormiram lá, e nós lá fomos até Portalegre celebrar, numa escapadinha de dois dias.
Durante a semana aproveitei para ver os filmes : "O pai", e "A Baleia".
Na leitura, continuo a ler JRS, e desta vez é o livro "Anjo Branco".
Continuando a minha senda de contar como construímos a nossa família, vou esta semana falar do período que antecedeu o nosso casamento, nem de propósito, que coincidência.
O ano de 2002 durou, e durou, nunca mais acabava. Em setembro acabei o bacharelato, a custo. Mas quase todos os anos deixava qualquer disciplina para exame em setembro, embora agora as motivações fossem mais penosas. A capacidade de concentração era pouca como disse, entre cirurgias e tratamentos, a preocupação e foco estavam noutro lado.
Iniciei a segunda etapa do curso, a licenciatura, que era em regime noturno, e simultaneamente começo a procurar emprego. Não era fácil na minha área conseguir emprego em Braga. Os escritórios de contabilidade tinham muitos estagiários e administrativos de contabilidade que saiam dos cursos via profissionalizante do 12.º ano. Vi oportunidade na zona do grande Porto e atirei-me para lá. Ganhava mais, gastava muito mais, mas fazia alguma coisa e ganhava experiência. Em Dezembro comecei a trabalhar.
Chapa ganha, chapa gasta, como se diz por aqui. Fazia um volta entre Douro e Minho, isto é, saia de Braga, ia para Gondomar. Depois do trabalho ia às aulas em Barcelos e regressava novamente a Braga. Nem me lembro quantos quilómetros fazia por dia, mas em portagens e gasóleo, revisões ao carro, mais almoço e lanches, o dinheiro ia todo.
Foi assim até fim de 2004.
Utilizava o carro do Ricardo porque o meu nunca mais o conduzi. Entrar nele era reviver constantemente o que aconteceu, era o medo que voltasse a acontecer (para mim o culpado do acidente era o carro; bem sabia que foi a condição da via molhada, o óleo na estrada, e que quando entrei em despiste não devia ter travado até mais não, mais o facto de o casal não ter percebido na realidade o que se estava a passar; mas não conseguia... e era o carro e pronto).
Entretanto, acabo a licenciatura, somos padrinhos do bébé envolvido no acidente (Simão,13/09/2003) e o sol começa a ficar descoberto novamente na minha vida. A minha irmã, a quem tinha sido dito que provavelmente não ia andar mais na vida, andava (com persistência na procura por novas opiniões e auto sacrifício ao submeter-se a cirurgias, que já nem sei se duraram até 2004, mas acho que sim).
Em 2004, a Linha do Minho que estava a ser eletrificada e os carris duplicados, finalmente ficou pronta. Esperei por essa obra, para entrar num novo desafio. Falava-se que Portugal podia ser vítima de atentados terroristas por estar a organizar o Euro 2004 e eu tinha medo, por isso esperei que terminasse. Recorde-se que o 11 de setembro, que hoje, precisamente hoje, conta já com 23 anos, e os atentados em Atocha (Madrid), eram ainda muito recentes.
Eu já tinha decidido na minha cabeça que ia passar a ir para o trabalho em transportes públicos, CP e STCP, e se assim decidi, assim fiz.
Curso terminado, o sacrifício era outro. Levantar cedo, tipo às 6h30 e chegar a Braga pelas 19h00, mas isso permitia-me poupar, de maneira a ver-me livre do carro, que entretanto quem usou sempre foi o Ricardo. Esta jornada de ir para o trabalhos nos transportes públicos durou até fim de 2007, data em que vim trabalhar para Braga. Dormia todo o tempo no comboio se viajasse sozinha.
Entretanto, ainda por 2004, falávamos em comprar casa. O Ricardo tinha um ordenado bom, acima do ordenado médio, e achamos que podíamos pensar nesse projeto. Para mim fazia sentido construir moradia em vez de comprarmos apartamento. Fazíamos uma casinha no "quintal" da casa pais dele, este tinha boas medidas, e já que ele era o único herdeiro...
Mas ele não estava para aí virado, não queria morar ao pé dos pais, e só dizia isso, não queria morar ao pé dos pais! Dava a entender que havia uma pessoa difícil, claro que eu percebia a quem se referia, mas sinceramente pensei que era um pouco exagerado, e era capricho de menino mimado.
Só que não...
Afinal havia motivo: duas pessoas que, juntas, tornam a vida de quem estiver por perto um desassossego. Sei isso agora!
Se não estou enganada, neste mesmo ano de 2004, pelo São João, a família é confrontada com a doença do meu avô. Ouço falar em carcinoma e tenho que ir ao dicionário perceber o que se passa, e é aterrador!! Como sempre estamos à espera que coisas más aconteçam aos outros e de preferência outros não muito próximos, mas tudo acontecia comigo, connosco. Eu não sabia lidar com aquilo, era muito para mim.
O meu avô, e padrinho, era o pai acima do meu pai. Aquele que já é mais sensato, cuja idade trás brandura, aquele que tira partido pela minha mãe e nos recrimina a nós, crias endiabradas, mas sempre com um ar de quem entende as diabruras, e não nos trata quase como um militar, que nos põe quietos só com o olhar.
Do alto dos seus 70 e tal anos era a referência, o pilar e símbolo da união da família.
O dia a dia continuava, e o Ricardo e eu decidimos investir nesse projeto de vida de construir moradia. Ele acabou por ceder aos meus argumentos. Tínhamos a possibilidade de ter uma moradia em vez de um apartamento, seria ao nosso gosto, e já iria ser uma mais-valia quando tivéssemos filhos, pois já teríamos espaço suficiente. Sempre tive como ideal de vida ter dois filhos, pelo menos.
E de facto a nossa casa foi construída no quintal da casa dos pais dele. Deu algum trabalho, dinheiro gasto em burocracias e demorou bastante até se arrancar com as obras por questões administrativas, porque o terrenos era omisso.
Não fosse a doença dos nossos avós tudo corria, direi, bem. Sempre consegui livrar-me do meu carro. Em 2005, compramos um novo... a casa continuava a marinar.
Contudo, alegria e tristeza voltam nesta altura a caminhar lado a lado, e neste ano o avô do Ricardo acaba por falecer. Acompanhamos pouco a sua doença, íamos volta e meia a Nine, ao fim-de semana, vê-lo.
Acompanhamos mais a doença do meu avô, estávamos em Braga e o meu avô também. A minha ligação com ele também era mais próxima. Desde o meu 1.º ano até aos 4 anos ficava na casa dos meus avôs de domingo a sexta-feira, só vinha para casa à sexta-feira à noite até domingo à tarde. Esse facto proporcionou uma ligação, que por exemplo no Ricardo com os seus avós, não via.
E ver o meu avô doente custou muito. Naquela altura a quimioterapia ( acho que só era paliativa, minimizava e retardava o pior) era feita no hospital. Volta e meia ele ia lá passar uma semana, penso. Então, recordo-me de chegar à Estação de Braga vinda de Gondomar e ir direta ao Hospital dar um bocadinho de conversa. E muito gostava quando ele começava a contar as histórias e peripécias sobre quando os tios e a minha mãe eram mais novos; outras que aconteciam quando ele lançava fogo de artifício na Páscoa, e no meio disso tudo ainda dava tempo de rezar o terço com ele.
Casamento marcado, casa a ser construída, mana e sobrinho estabilizados, parecia tudo ok .
Mas o meu avô havia piorado na estação fria. Visitava-o agora a muito custo (ele já estava muito mal), não queria ouvir ninguém dizer que a hora estava próxima, que estava prestes a partir... mas ele faleceu a 01/04/2006, bem queria que fosse mentira! A primeira perda de uma pessoa tão próxima, na minha idade adulta. E lá voltei eu arrastar a cara pelo chão com tamanha tristeza. Sempre a perder, sentia-me sempre a perder!
Salvou-me a lufa-lufa dos assuntos que tinha que tratar para preparar o casamento. Fizeram com que me focasse na parte alegre e na celebração da vida e assim não fiquei presa ao sofrimento causado pela morte. Foquei-me nisso quanto pude, os preparativos ganharam importância tamanha... e fiz o que queria, como queria, com os meios que dispunha. Permiti-me celebrar, e viver aqueles momentos.
Mana e primas organizaram-me a despedida de solteira!!!! Até mãe e sogra foram (porque eu assim o quis). Apanhei a minha primeira bebedeira a sério... a minha visão ficou turva pelas 21h00 do dia 12/08/2006 com um copo de vinho branco, e só voltei a ver normalmente perto das 2h00 do dia seguinte, já em casa, quando tinham terminado as regas ao estômago com a bebida divina.
Do restaurante foi para onde me levaram, para casa, depois de estarem sei lá quanto tempo a tentar pôr-me dentro do carro.
À despedida de solteiro do Ricardo também foi pai e sogro. Chegaram depois de nós, mas parece-me que nos divertimos mais!!!
😁😁😁
E o grande Dia está quase a chegar, com uma convivência agradável, até aqui, entre nós, pais e sogros! (como já exagerei no texto no próximo post conto o resto).
😁😁😁
E o grande Dia está quase a chegar, com uma convivência agradável, até aqui, entre nós, pais e sogros! (como já exagerei no texto no próximo post conto o resto).
Agora deixo as fotos de mais uma semana de Verão.
preparando o regresso à escola
os pimpes com os primos; foram ao Nova Arcada a gastar energias, enquanto os pais turistam a dois
o dia dos jogos eletrónicosescapadinha a dois (lindo pôr do sol)
visita ao Castelo de Portalegre
turistando pela Serra de São Mamede
ementa da semana, os meninos gostam saber, tipo ementa do colégio 😉😉
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